janeiro 2017 - UBM - Seção Paraná

UBM - Seção Paraná | Por um Mundo de Igualdade Contra Toda Opressão!

Fui agredida por sair à noite, ser mulher e de esquerda

sábado, janeiro 07, 2017
Vivo escrevendo sobre as taxas de feminicídio, agressão contra mulheres e o clima de intolerância que assola o mundo, mas realmente não esperava usar esse espaço para falar de mim, na verdade, expor ao mundo o que aconteceu comigo é uma forma de denunciar e reafirmar que o nível de intolerância está beirando a barbárie. 

Lais e a amiga, pouco antes da agressão que a vitimouLais e a amiga, pouco antes da agressão que a vitimou Estava com uma amiga no bar, isso mesmo, duas mulheres sozinhas em um bar numa quinta-feira à noite. Pode isso? Até na noite de ontem pensava que sim. Estava tudo divino maravilhoso quando fomos abordadas por um senhor  (foto abaixo) com cara de bonachão, alto, que questionou se éramos socialistas. Olhei com uma cara de “oi??” e continuei as conversas com minha amiga. 

Papo vai, vem, disse para minha amiga que estava indo hoje à tarde para Guaratuba, região litorânea de São Paulo, quando o mesmo senhor que tinha questionado minha proximidade com o marxismo esbravejou: “Eu ouvi vai pra Cuba!?????”

Não aguentei. Fiquei revoltada com aquela situação. Questionei: “Moço, do que você está falando, o senhor está louco?” Era o prato cheio para ele. O brutamontes já levantou e começou o seu circo, aproximando-se de mim e me ameaçando com seu tamanho. Eu, com meu 1,57 levantei meus pés e continuei dizendo que ele não tinha o direito de ser tão inconveniente. Ele me deu um safanão no braço. 

Naquela situação insustentável, minha arma foi o celular. Peguei e comecei a gravar, “bate agora que eu estou gravando, o mundo vai ver sua cara seu covarde!”, disse. 


Ele então lançou um soco no meu braço e arremessou meu celular no lixo. Com toda a dor que eu senti no momento, reuni forças e enfiei minha mão no meio de restos de comida para pegar o celular. Após o ocorrido, pessoas próximas chegaram para nos defender. Um outro amigo dele gritava como em um surto psicótico “morre na Venezuela”. Os garçons orientaram que nós fossemos para dentro do estabelecimento. Acho que se não fosse isso poderia ter sido pior. 

Entrei em pânico, minha respiração ficou ofegante. Eu só queria chegar em casa e me sentir segura. No meio do caminho fiz um post com a foto do agressor. 

Passado o horror, queria agradecer toda a corrente de solidariedade que se formou ao meu redor, principalmente a União Brasileira de Mulheres, que se colocou à disposição para me dar todo o amparo necessário. Isso é muito bonito e valoroso, gratidão! 

Hoje eu sigo para delegacia, vou fazer um boletim de ocorrência. Faço isso porque eu não aguento mais viver numa sociedade que expõe a mulher como lixo dessa forma. Faço isso porque eu perdi uma colega estuprada até a morte nos últimos dias e também porque eu tenho direito de ser o que que eu quiser, inclusive socialista. 

Basta! 


Solidaridade

Em nome de toda a equipe do Portal Vermelho manifesto inteira solidariedade à nossa companheira Lais Gouveia, uma jovem jornalista que tem registrado diariamente em suas matérias a luta do nosso povo na defesa de seus direitos, da democracia e do Brasil. Lais, como relatou acima, já cobriu muitos casos de agressão à mulheres e a luta contra essa violência desprezível, fruto do machismo e da intolerância que ainda permeiam a sociedade brasileira. Lamentamos que ela agora seja vítima dessa truculência e oferecemos todo apoio para denunciar e buscar a punição do agressor.

Inácio Carvalho
Editor chefe 


 *Por Laís Gouveia -  jornalista e editora de movimento sociais do Portal Vermelho.

Fonte:www.vermelho.org.br
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Prefeitura de Curitiba exclui Secretaria Municipal da Mulher

quinta-feira, janeiro 05, 2017



Organizadas, UBM-PR e  feministas farão ato público no próximo sábado (7) em protesto à extinção da secretaria e à chacina de Campinas 

No último dia 21 de dezembro, o prefeito de Curitiba,  Rafael Greca, anunciou oficialmente  a equipe de secretários e diretores dos órgãos municipais. Greca decidiu fundir algumas secretarias, reduzindo-as de vinte - da gestão anterior - para doze. A reorganização do secretariado extinguiu a Secretaria Municipal Extraordinária da Mulher(SMEM). Mas, nesta quinta-feira(05), mulheres ligadas a movimentos feministas se surpreenderam com a imagem de  Luiz Fernando de Souza Jamur como secretário responsável pela pasta. No início da tarde, após repercussão do fato nas mídias sociais, a foto de Jamur foi retirada, mas a situação gerou entre as feministas o debate sobre o destino da secretaria das mulheres. 

Para a coordenadora geral da União Brasileira de Mulheres - Seção Paraná(UBM-PR), Maria Isabel Corrêa,  o erro de comunicação da prefeitura serviu para demonstrar a importância de um espaço de representação feminina dentro do secretariado municipal, pois aquele era  um local onde eram pensadas as políticas destinadas às mulheres curitibanas. “A UBM e todos os movimentos feministas lutam há anos para a implantação de políticas públicas que garantam a segurança e a proteção de mulheres e meninas em todas as situações de abuso e agressões, seja em nível individual e particular ou no nível público e da vida coletiva. Nessa luta, em todas as conferências de direitos da mulher, sempre houve um pedido recorrente: a criação de secretarias da mulher no âmbito estadual e municipal”, defende Maria Isabel.

Isabel  explica, ainda, que a secretaria das mulheres foi conquistada pelas mulheres organizadas a partir de movimentos feministas e de mulheres, sociais, sindicais,  entre outros. E argumenta  que a expectativa desses grupos é serem representados por alguém ja familiarizado com as demandas. “Vivemos um momento histórico de especial agravamento da intolerância social, do machismo que mata e destrói, da misoginia, do ódio e da vingança brutal e cruel. Há também a ampliação da ideia de superioridade do homem sobre a mulher, especialmente no Paraná, no momento em que Câmaras municipais e a própria Assembleia Legislativa se fecham ao diálogo sobre gênero. Nesse sentido,  a Prefeitura de Curitiba vem referendar essa prática, ignorando a secretaria da mulher, espaço conquistado com árdua luta como forma de amenizar a cruel desigualdade das mulheres frente a uma sociedade machista.  É urgente que o poder público  concentre esforços nessa luta por igualdade; é inadmissível que sejamos tratadas de forma grotesca e ignoradas”, protesta. 

Chega de impunidade!  - A extinção da  Secretaria das Mulheres acontece em um momento de comoção nacional. Os crimes ocorridos contra Débora Soriano e Isamara Filier, assassinadas em dezembro revelam a necessidade de educar a população contra o sexismo, o machismo e a misoginia. No próximo sábado(7), às 11h da manhã, na Boca Maldita, movimentos sociais, feministas e de juventude realizam o ato público "Nem uma a Menos" para denunciar o feminicídio. A atividade, inicialmente convocada pela Marcha das Vadias e CWB contra Temer, teve a adesão de vários movimentos feministas de Curitiba.

O objetivo do ato é chamar a atenção contra a impunidade em relação à violência contra a mulher, uma vez que ainda são encontradas falhas nos mecanismos legais que amparam as vítimas, como denuncia Maria Isabel. “Medidas judiciais de proteção não são suficientes numa sociedade em que governos golpistas promovem o desmonte do Estado, principalmente no que diz respeito  a políticas públicas sociais. Temos uma lei contra o  feminicídio, que é um crime hediondo, bárbaro e de ódio contra as mulheres, não podemos deixar que assassinatos de mulheres fiquem impunes”, protesta a coordenadora da UBM-PR.

O ato vai rememorar, entre outros, os recentes assassinatos de duas mulheres ocorridos no último mês de dezembro. A primeira envolve a chacina  promovida por Sidnei Ramos de Araujo, na última noite de 2016, em Campinas,  que vitimou Isamara, seu filho de 8 anos e outras 10 pessoas. A outra vítima do machismo é Débora Soriano de Melo,  jovem de apenas 23 anos e militante da União da Juventude Socialista - São Paulo (UJS-SP) e UBM-SP, que foi estuprada e assassinada com golpes de taco de beisebol  por Willy Gorayeb Liger dias antes das comemorações natalinas.
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O machismo e o ódio marcam a virada do ano de 2017

quarta-feira, janeiro 04, 2017



Na última noite de 2016, em Campinas, São Paulo, ex-esposa, filho e outras 10 pessoas foram vítimas da chacina promovida por Sidnei Ramos de Araujo. Isamara Filier, a ex-esposa do  já havia realizado cinco queixas contra o seu assassino na delegacia da polícia civil. Em 2012, registrou boletim por ameaça de morte.

Antes de cometer o crime, Sidnei escreveu uma carta de oito páginas "justificando" os motivos pelos quais cometeria o crime na virada do ano. Partes da carta, diziam “Os homens não batem na mulher sem motivo! Alguma coisa elas fazem pra irritar o agressor. O cara não vai lá dar porrada à toa!”, “Vadias que tem filhos com dois caras para ter duas pensões e não precisar trabalhar! [...] A justiça deveria usar polígrafos em todos os depoimentos, reduziria trabalho! O Diabo também usa saia”.

Dois adolescentes escondidos no banheiro relataram que o filho do atirador, de 8 anos, disse: “Você matou a mamãe”. Em seguida, ouviram os disparos que mataram Victor. Muitos e muitas pessoas idolatraram Araujo por ter matado a ex-esposa. Comentários de apoio a ação e degradação de Isimara foram destaque. Alguns se compadeceram com a criança. 

Não precisamos ir longe para recordar casos de violência contra mulher que foram notícias em todo o país no ano que se despediu. Também em  dezembro, Willy Gorayeb Liger, estuprou e matou com golpes de taco de beisebol Débora Soriano de Melo,  uma jovem de apenas 23 anos que era militante da União da Juventude Socialista - São Paulo (UJS-SP). No Rio de Janeiro uma menor de idade foi vítima de estupro coletivo, filmada e exposta na internet. 

O feminicídio ceifa nossas vidas diariamente, de todas as formas. Viemos por meio desta nota manifestar nossa indignação a naturalização da violência contra nossas vidas e prestar solidariedade a família e amigos dos mortos. Seguimos em luta contra toda forma de opressão, até que todas sejamos livres!


ASSINAM ESSA NOTA: 

União da Juventude Socialista do Paraná
União Brasileira de Mulheres PR.
Ong Todas Marias
As Benditas -  Coletivo Independente
UBM - Cascavel 
Coletivo Pagu
MAB
AHHEMP 
Promotoras Legais Populares de Curitiba
Coletivo de Jornalistas Feministas Nísia Floresta -  Curitiba
Coletivo de Mulheres da CUT - PR
Coletivo Estudantil Para Todas 
Rede de Mulheres Negras-PR
Fórum Popular de Mulheres
Marcha Mundial de Mulheres - Pr
Vereadora de Curitiba-  Maria Letícia Fagundes 
Mães Pela Diversidade - Pr
Frente de Resistência Democrática 
Rede Femimista da Saúde-  Pr
Vereadora de Toledo - Marli Gonçalves
MAIS Curitiba 
Coletivo Alzira
Coletivo do Mandato da Vereadora Prof Josete Curitiba 
Marcha das Vadias - Curitiba 
UPES 
UPE
Conselho de Direitos Humanos - Cascavel
CEDEA
RUA - Juventude anticapitalista Curitiba
Secretaria de Mulheres da Executiva Municipal da Juventude Socialista do PDT
Coletivo Daysi
PCdoB Curitiba
Coletivo Black Divas 
Grupo Mulheres Negras de Londrina
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