Prefeitura de Curitiba exclui Secretaria Municipal da Mulher - UBM - Seção Paraná

UBM - Seção Paraná | Por um Mundo de Igualdade Contra Toda Opressão!

Prefeitura de Curitiba exclui Secretaria Municipal da Mulher




Organizadas, UBM-PR e  feministas farão ato público no próximo sábado (7) em protesto à extinção da secretaria e à chacina de Campinas 

No último dia 21 de dezembro, o prefeito de Curitiba,  Rafael Greca, anunciou oficialmente  a equipe de secretários e diretores dos órgãos municipais. Greca decidiu fundir algumas secretarias, reduzindo-as de vinte - da gestão anterior - para doze. A reorganização do secretariado extinguiu a Secretaria Municipal Extraordinária da Mulher(SMEM). Mas, nesta quinta-feira(05), mulheres ligadas a movimentos feministas se surpreenderam com a imagem de  Luiz Fernando de Souza Jamur como secretário responsável pela pasta. No início da tarde, após repercussão do fato nas mídias sociais, a foto de Jamur foi retirada, mas a situação gerou entre as feministas o debate sobre o destino da secretaria das mulheres. 

Para a coordenadora geral da União Brasileira de Mulheres - Seção Paraná(UBM-PR), Maria Isabel Corrêa,  o erro de comunicação da prefeitura serviu para demonstrar a importância de um espaço de representação feminina dentro do secretariado municipal, pois aquele era  um local onde eram pensadas as políticas destinadas às mulheres curitibanas. “A UBM e todos os movimentos feministas lutam há anos para a implantação de políticas públicas que garantam a segurança e a proteção de mulheres e meninas em todas as situações de abuso e agressões, seja em nível individual e particular ou no nível público e da vida coletiva. Nessa luta, em todas as conferências de direitos da mulher, sempre houve um pedido recorrente: a criação de secretarias da mulher no âmbito estadual e municipal”, defende Maria Isabel.

Isabel  explica, ainda, que a secretaria das mulheres foi conquistada pelas mulheres organizadas a partir de movimentos feministas e de mulheres, sociais, sindicais,  entre outros. E argumenta  que a expectativa desses grupos é serem representados por alguém ja familiarizado com as demandas. “Vivemos um momento histórico de especial agravamento da intolerância social, do machismo que mata e destrói, da misoginia, do ódio e da vingança brutal e cruel. Há também a ampliação da ideia de superioridade do homem sobre a mulher, especialmente no Paraná, no momento em que Câmaras municipais e a própria Assembleia Legislativa se fecham ao diálogo sobre gênero. Nesse sentido,  a Prefeitura de Curitiba vem referendar essa prática, ignorando a secretaria da mulher, espaço conquistado com árdua luta como forma de amenizar a cruel desigualdade das mulheres frente a uma sociedade machista.  É urgente que o poder público  concentre esforços nessa luta por igualdade; é inadmissível que sejamos tratadas de forma grotesca e ignoradas”, protesta. 

Chega de impunidade!  - A extinção da  Secretaria das Mulheres acontece em um momento de comoção nacional. Os crimes ocorridos contra Débora Soriano e Isamara Filier, assassinadas em dezembro revelam a necessidade de educar a população contra o sexismo, o machismo e a misoginia. No próximo sábado(7), às 11h da manhã, na Boca Maldita, movimentos sociais, feministas e de juventude realizam o ato público "Nem uma a Menos" para denunciar o feminicídio. A atividade, inicialmente convocada pela Marcha das Vadias e CWB contra Temer, teve a adesão de vários movimentos feministas de Curitiba.

O objetivo do ato é chamar a atenção contra a impunidade em relação à violência contra a mulher, uma vez que ainda são encontradas falhas nos mecanismos legais que amparam as vítimas, como denuncia Maria Isabel. “Medidas judiciais de proteção não são suficientes numa sociedade em que governos golpistas promovem o desmonte do Estado, principalmente no que diz respeito  a políticas públicas sociais. Temos uma lei contra o  feminicídio, que é um crime hediondo, bárbaro e de ódio contra as mulheres, não podemos deixar que assassinatos de mulheres fiquem impunes”, protesta a coordenadora da UBM-PR.

O ato vai rememorar, entre outros, os recentes assassinatos de duas mulheres ocorridos no último mês de dezembro. A primeira envolve a chacina  promovida por Sidnei Ramos de Araujo, na última noite de 2016, em Campinas,  que vitimou Isamara, seu filho de 8 anos e outras 10 pessoas. A outra vítima do machismo é Débora Soriano de Melo,  jovem de apenas 23 anos e militante da União da Juventude Socialista - São Paulo (UJS-SP) e UBM-SP, que foi estuprada e assassinada com golpes de taco de beisebol  por Willy Gorayeb Liger dias antes das comemorações natalinas.