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UBM-Paraná participa da Plenária da Frente Brasil Popular-PR e defende unicidade dos movimentos na luta

terça-feira, fevereiro 21, 2017




 Atividade debateu estratégias para abrir diálogo com a sociedade  sobre a reforma da previdência

Coordenadoras e ativistas da UBM-Paraná participaram no último sábado(18) da I Plenária Estadual da Frente Brasil Popular - Paraná(FBP-PR). A atividade aconteceu na sede  do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná(Sintracon), em Curitiba, e reuniu diversas entidades ligadas aos movimentos sociais do Paraná. Os participantes organizaram  as pautas para 2017, as metas para a organização nacional da FBP nos estados e municípios, e as formas de atuação em relação à previdência e outros direitos que estão em risco sob o governo Temer.

Para a coordenadora estadual da UBM-Paraná, Maria Isabel Correa,  a participação nas atividades FBP é muito importante nesse momento, pois os projetos para a sociedade estão em disputa. “A nossa entidade faz parte da base da Frente e temos de nos unir com outros movimentos para disputar e defender o nosso projeto de sociedade, que é aquele voltado para a manutenção de direitos, defesa dos trabalhadores e trabalhadoras, políticas públicas que contribuam para a redução das desigualdades raciais, sociais e de gênero”, defendeu Isabel.  

Segundo a ativista Sara Cavalcanti, o encontro debateu a  conjuntura geral, as diferentes frentes de luta que estão ocorrendo e a organicidade da FBP nos estados e municípios. A representante da comissão nacional da FBP, Janeslei Albuquerque, iniciou a reunião com uma breve análise dos retrocessos políticos, econômicos e sociais. Segundo ela, nos anos de 1990 havia uma conjuntura de unidade na esquerda e  nos movimentos sociais que foi se perdendo nos últimos anos. “Janeslei argumentou que após a eleição de Lula, em 2002, houve um esfacelamento dessa unidade e disse que é uma desafio para a FBP retomar a junção da esquerda, pois houve uma mudança no comportamento das pessoas”. 

A representante da FBP defende a necessidade de maiores reflexões,para uma melhor compreensão de mudanças nas subjetividades,  pois estas dificultam a agenda de mobilização dos movimentos.  E lembrou que o neoliberalismo age não apenas no foco econômico, mas no aspecto mais sutil do ser humano, forjando um jeito de ser, no qual os comportamentos hostis e preconceituosos são naturalizados. 

Para Janeslei, as lutas travadas pelos movimentos sociais não atingem objetivo na atualidade, pois já não encontram mais eco entre o povo. Segundo Janeslei,  um dos caminhos  da retomada da unicidade se dará por meio da campanha da Central Única dos Trabalhadores(CUT). “O eixo central é o tema da previdência, cujo mote será trabalhar de modo a atingir a sensibilidade das pessoas. Janeslei ressaltou que hoje 15% da população idosa estão abaixo da linha pobreza. A juventude, não vai se aposentar isso precisa ser bem trabalhado para que haja mobilização”, resume a ativista. 

Geopolítica de interesses - Outro dado exposto  na reunião formativa da FBP foi em relação à geopolítica.  Janeslei informou que 65% do PIB da América Latina é controlado pelos EUA e que o número das transnacionais norte americanas que atuam no continente subiu de 40 para 60%  depois da crise. Janeslei também explicou que os conflitos relacionados à guerra religiosa são devido aos interesses por petróleo e água. “O que a representante da FBP nos aponta é que a principal ameaça nesse contexto está relacionada aos eixos da soberania alimentar, soberania energética e a soberania da comunicação. Ela registrou que o conhecimento atual é pouco valorizado e o supérfluo, evidenciado”, relatou Sara. 

Reforma da previdência e a questão de gênero -  Sara também resumiu a abordagem da advogada Popular da Marcha Mundial das Mulheres(MMM), Naiara Bittencourt, em relação à pauta da reforma da previdência, que  está em disputa, atinge diretamente os trabalhadores e acaba tendo um impacto bem maior na vida das mulheres. Naiara afirmou que a equiparação das idades entre homens e mulheres -  tanto da cidade como do campo -  para 65 anos é um equívoco, pois, caso a idade mínima para aposentadoria de ambos fosse reduzida para 60 anos não haveria problemas. "A advogada mostrou qu a contribuição - que passa para 25 anos somado com os 65 anos - também é outro aspecto negativo para as mulheres, pois a rotatividade nos empregos é bem maior entre as mulheres, uma vez que  são as que mais sofrem de assédio moral e sexual no mercado de trabalho", exemplificou Sara. 

A desvinculação do salário mínimo na pensão por morte também afeta as mulheres. Com a reforma a pensão passará a ser de apenas 50% do previsto somado a 10% se houver dependente.“No campo do gênero, Naiara apontou que com o trabalho doméstico e inseridas no mercado, as mulheres já trabalham 5 horas a mais que os homens e ocupam trabalhos mais informais e mais precários, além do desemprego (11%mulheres 7% homens). Uma das justificativas da reforma na previdência é justamente a questão da equiparação salarial no mercado trabalho. No entanto, estudos da Organização Internacional do Trabalho(OIT) afirmam que tal equiparação, demorará em média 75 anos para se concretizar”, destacou.

Sara também lembrou que em complemento  à fala da Naiara, Janeslei apresentou o dado de que 35% dos lares brasileiros são exclusivamente liderados por mulheres. Além disso, 14% dos lares no qual a mulher tem um parceiro, são elas as provedoras, portanto, 49% dos lares são chefiados por mulheres.
Unicidade na luta - A coordenadora de formação da UBM-Paraná, Elza Campos, recorreu a Marx, que dizia que a sociedade caminha entre o socialismo ou a barbárie, para enfatizar que os trabalhadores e trabalhadoras sempre lutaram  pela democracia, mas que hoje estão vivenciando a barbárie. “Precisamos retomar a luta em defesa da liberdade, de forma conjunta e unitária. Necessitamos nessa reunião, além das pautas já colocadas, construir uma unidade concreta.  O desmonte da seguridade, do trabalho, é uma forma de violência, que precisa ser combatida arduamente”, enfatizou Elza. 

8 de março em Curitiba -  A reforma da previdência é um dos principais temas de pauta do Dia Internacional das Mulheres, pauta que também foi debatida na reunião da FBP. Com o mote “Nenhuma Mulher a menos | Nenhum Direito a Menos”,  os movimentos feministas estão organizando o ato público que será realizado no dia 8. Os  grupos definiram que haverá concentração a partir das 17h na Praça Santos Andrade, onde acontecerá a discussão pública sobre violência e política de Gênero.  De lá as mulheres seguem em marcha, às 18h, pelas ruas da cidade, com paradas específicas em alguns pontos,  onde realizarão 7 atos temáticos: Reforma da Previdência e Trabalhista; Políticas Públicas para as Mulheres;  Mulheres Negras; Estado Laico e Direitos Sexuais e Reprodutivos; Mulheres LBTIs;  Educação e Violência contra as mulheres. O encerramento, na Boca Maldita, será com o show de uma banda composta por mulheres. 

Por fim, foram definidas as metas para a organização nacional da FBP nos estados e municípios, juntos aos seus movimentos de base, e elencadas as pautas para os movimentos ligados aos trabalhadores do campo, juventude e mulheres.   Também foi definido o mote “Se você não lutar, sua aposentadoria vai acabar” para abrir o diálogo  sobre a reforma da previdência com a sociedade.

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