Jornada Continental pela democracia e contra o neoliberalismo define ações para o fortalecimento das mulheres - UBM - Seção Paraná

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Jornada Continental pela democracia e contra o neoliberalismo define ações para o fortalecimento das mulheres


A União Brasileira das Mulheres - Seção Paraná (UBM-PR), ajudou a construir a Jornada Continental, junto a trabalhadoras e trabalhadores dos países da América do Sul para reafirmar a disposição para lutar contra onda neoliberal e pela construção de um mundo onde haja fraternidade, justiça e igualdade de oportunidades.

Mais de 2.800 pessoas de todos os países da América do Sul se reuniram entre os dias 16 e 18 de novembro, em Montevidéu, no Uruguai, na Segunda Jornada Continental pela Democracia e contra o neoliberalismo. A soberania das nações, a integração dos povos e a resistência ao livre comércio e às transnacionais foram as principais pautas do encontro.

A UBM- PR buscou aprofundar a articulação feminista das lutas e resistências impulsionadas pelas mulheres frente aos avanços do neoliberalismo sobre seus corpos, trabalho e territórios.
Nos diferentes eixos temáticos apresentados e debatidos durante o encontro a UBM- PR apresentou  as lutas das mulheres  brasileiras no enfrentamento ao neoliberalismo, as bases políticas e teóricas que orientam nossa crítica ao modelo de desenvolvimento, à mercantilização do corpo e da vida das mulheres e os desafios feministas para enfrentar o avanço do capital contra a vida. Dentro dessas  discussões uma das principais  soluções apontadas foram as  das políticas públicas de igualdade, orientadas para a redução das desigualdades econômicas e enfraquecer a discriminação no mercado de trabalho.

 As políticas públicas têm uma função de redistribuição nas sociedades de classe. O melhor exemplo são os estados de bem-estar que durante anos aplicaram e desenvolveram políticas para diversos grupos sociais: educação, saúde e sistema previdenciário, etc., tornando eficaz uma redistribuição mais justa dos recursos e do reconhecimento de novos direitos sociais para grandes setores da cidadania.

Os movimentos feministas de toda a América do Sul trouxeram a análise de como o neoliberalismo gerou um falso discurso de igualdade para as mulheres que, na verdade, esconde o aprofundamento da divisão sexual do trabalho e da divisão sexual internacional do trabalho, com a migração de mulheres do sul global para cumprir tarefas de cuidado em países do norte econômico onde muitas mulheres se inseriram no mercado. A pobreza das mulheres passa a ser tratada pelo ponto de vista econômico, não apenas social. Ao mesmo tempo, na América Latina principalmente, desenvolvem-se alternativas como o conceito de soberania, que implica tanto a discussão sobre a autonomia das mulheres e seu direito a uma vida livre de violência, à livre sexualidade e o direito de decidir sobre a maternidade, quanto à soberania sobre territórios, soberania alimentar e definição sobre os rumos do desenvolvimento.

Foi consenso entre  todos os eixos discutidos que o capitalismo, patriarcado e racismo se retroalimentam afetando diretamente a vida das mulheres.  Seguindo essa lógica,não é possível separar a luta de classes e a luta contra o capitalismo da luta das mulheres. luta  das mulheres combina a resistência ao poder das empresas transnacionais, às políticas de ajuste e de precarização do trabalho e aos acordos de livre comércio, junto com a defesa da soberania dos povos, dos nossos territórios e soberania sobre nossos corpos. Todas essas lutas são feministas.

Ao final do encontro  foi aprovada "Declaração de Montevidéu",as entidades presentes afirmam que "os movimentos, organizações sociais e diversas expressões do campo popular das Américas, herdeiros protagonistas das lutas contra o imperialismo e os regimes militares na América Latina e no Caribe, nos levantamos contra a agenda neocolonial de livre comércio, privatização, saque e pobreza representada pelo derrotado projeto da ALCA, reafirmamos os princípios de solidariedade e internacionalismo que nos unem, assim como o compromisso de seguir lutando por uma transformação sistêmica contra o capitalismo, o patriarcado, o colonialismo e o racismo".

E convocaram todos para as próximas datas:  primeira ação proposta é o repúdio à Conferência Ministerial da OMC, que será realizada em Buenos Aires (Argentina), em dezembro de 2017.
As demais datas são em 2018: 8 de março (Dia Internacional da Mulher); Fórum Mundial Alternativo das Água, que acontecerá em março, em Brasília; 1º de maio (Dia do Trabalhador); denunciar a realização da Conferência das Américas, que será realizada em Lima (Peru), em junho; a Conferência do G20, que será realizada no segundo semestre, na Argentina; e, entre 19 e 25 de novembro, mobilizações reivindicando os pontos da Declaração de Montevidéu, "como expressão da ação de nossos povos em Defensa da Democracia e Contra o Neoliberalismo".

Por  Raíssa Melo, jornalista e militante da UBM-PR