Em mensagem de fim de ano, UBM-PR denuncia o golpe contra a democracia e reafirma luta contra estado de exceção - UBM - Seção Paraná

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Em mensagem de fim de ano, UBM-PR denuncia o golpe contra a democracia e reafirma luta contra estado de exceção




Nós, da União Brasileira de Mulheres - Seção Paraná (UBM-PR), desejamos um 2017 com a renovação das esperanças que nos mantem firmes na luta pela construção de um mundo melhor para todos e todas. Convivemos desde 2015 com o fantasma conspirativo do golpe e jamais esqueceremos 2016, ano em que foram perpetrados diversos golpes no nosso país.

Houve golpe na nossa jovem democracia; a maioria dos parlamentares do Congresso Nacional rasgou a Constituição Federal, destituindo uma presidenta legitimamente eleita. Foi um golpe parlamentar dado por um Congresso machista e misógino, sustentado por argumentos que pouco depois do ato consumado deixaram de ser considerados crimes. A forma covarde e rasteira pela qual foi tomado o poder de Dilma Rousseff deixa impresso na nossa história mais de meio século de retrocessos, em especial com a precarização do trabalho, que atingirá duramente as mulheres. 

A crise econômica e política desencadeadas pelo governo ilegítimo e golpista de Michel Temer e pela rede globo atingem brutalmente as mulheres, sobretudo pelo cancelamento de políticas sociais compensatórias para famílias em vulnerabilidade social, conquistadas com grandes lutas nas últimas décadas. Teve golpe contra a saúde, a educação, a previdência social e as políticas sociais por meio do congelamento de gastos públicos por vinte anos, o qual foi concretizado após a tramitação e aprovação da PEC 55 pela Câmara e Senado Federal. Um golpe que atingirá todos os brasileiros e brasileiras.  

O grande agravante é que tudo isso serve apenas como pano de fundo encoberto por essas cortinas de fumaça para a entrega de nossos recursos naturais à sanha do capital estrangeiro. Esses mesmos recursos que deveriam alavancar a conquista de uma sociedade justa e igualitária, reparando séculos de exploração de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros.

Também é sempre bom ressaltarmos que o golpe foi contra os direitos humanos,  com as exclusões de ministérios e secretarias conquistados por meio da luta dos movimentos sociais e que promoviam avanços na nossa sociedade. A Secretaria de Política para as Mulheres (SPM) foi desativada em um momento em que a violência contra mulheres e meninas só faz aumentar nesse ambiente de ódio e intolerância que se multiplica exponencialmente na sociedade brasileira. Nesse sentido, é fundamental garantir uma política nacional  de concretização de direitos humanos para todos os indivíduos e, em especial, para aqueles que fazem parte das "minorias maiorizadas", pois não podemos esquecer que os grupos como LBGT's e de negras e negros são atingidos de forma mais cruel.

Este grupos, assim como as mulheres não estão representados nas instâncias de poder. Observamos isso no resultado das eleições municipais de 2016, que apontou uma representatividade feminina pífia, mostrando uma reclusão de 25% de mulheres eleitas prefeitas, que passaram de 39 no pleito de 2012 para 29 em 2016. O Estado do Paraná, por exemplo, figura como o quarto estado em sub-representação feminina na política. Apenas 7,2% de mulheres foram eleitas prefeitas e grandes cidades como Cascavel e Maringá não elegeram nenhuma vereadora. Além disso, nós, mulheres paranaenses, também não estamos representadas pelo governador do estado, o qual ataca covardemente trabalhadoras e trabalhadores, solapando direitos, deixando de cumprir acordos e reprimindo os movimentos sociais com covarde violência.

O panorama é tenebroso mas, por outro lado, vimos uma juventude se levantar e gritar por justiça e por direitos. Diante de uma medida provisória descabida, insuficiente e que não promove melhorias no ensino público e gratuito, estudantes secundaristas ficaram em luta permanente, ocupando escolas em todo o país.  

Por fim, podemos dizer que o ano de 2016 foi de muita luta para as filiadas, militantes e ativistas da UBM-PR. Participamos ativamente de todas as mobilizações contra o golpe em Brasília, no nosso estado e em Curitiba e demais cidades do Paraná e continuamos mobilizadas em atos políticos no pós-golpe. Não daremos trégua a esse governo provisório. Por isso, realizamos o nosso encontro estadual em novembro de 2016, apontando as nossas ações futuras. Também assumimos durante o evento o compromisso de reestruturar nossas bases - núcleos regionais no Estado - até maio de 2017, quando teremos um novo encontro estadual. 

Junto a todos os movimentos feministas do Paraná assumimos o compromisso de ampla luta pelo resgate dos direitos espoliados da nossa sociedade, bem como de continuar na luta pelos direitos das mulheres, num Estado que detém índices vergonhosos de feminicídios, de pedofilia e de tantas outras violências naturalizadas nesta sociedade patriarcal e machista.                        

Reafirmamos nossa luta contra um Estado de exceção que todos os dias restringe direitos conquistados, reacendendo para 2017 a chama pela luta de um mundo de igualdade, contra toda opressão!

À luta!

Maria Isabel Correa, coordenadora estadual da UBM-PR.