UBM - Seção Paraná

UBM - Seção Paraná | Por um Mundo de Igualdade Contra Toda Opressão!

Nota de solidariedade à professora Mary Garcia Castro

quarta-feira, fevereiro 22, 2017
A União Brasileira de Mulheres imputa toda a sua solidariedade à pesquisadora feminista Mary Garcia Castro. Num ato de evidente retaliação política e ideológica, a reitoria da Universidade Católica de Salvador (UCSal) demitiu sumariamente uma de suas mais produtivas professoras-orientadoras da pós-graduação, sob a pouco convincente alegação de “corte de gastos”.
Mary é uma acadêmica de 75 anos com décadas de contribuição às Ciências Sociais, à democracia e à luta feminista de esquerda no Brasil. Filiada à UBM e colaboradora assídua da Revista Presença da Mulher, é uma das defensoras da corrente feminista emancipacionista — que articula classe, gênero e raça em uma perspectiva revolucionária de superação da sociedade capitalista — e uma das mais respeitadas cientistas sociais brasileiras. Coordenou estudos pioneiros sobre juventude e sexualidade de grande impacto teórico-científico e político para a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que balizaram Políticas Públicas para a Juventude em todo o Brasil.
Mary é uma das maiores intelectuais do país e, fossem critérios mais objetivos, jamais seria dispensada de qualquer universidade. Entretanto, a onda obscurantista que vem varrendo o Brasil atingiu um dos maiores nomes do feminismo brasileiro. O clima de ódio e intolerância, antiesquerda, antifeminista e protofascista, catalisado pelo golpe de Estado que conduziu Michel Temer à Presidência da República em 2016, vem fomentando em escala cada vez maior o autoritarismo e a censura ideológica, ganhando espaço também nas universidades — onde deveriam vicejar o debate de ideias e o direito ao livre pensar. Como durante a Ditadura Militar (1964-1985), membros da comunidade acadêmica progressistas e contestadores estão sendo paulatinamente perseguidos e afastados das universidades.
Mary Castro representa um grande perigo: é crítica, combativa, feminista e socialista, e, exatamente por este motivo é alvo prioritário de ataque dos setores reacionários da universidade e da hierarquia católica. Não admitiremos mais nenhuma “Caça às Bruxas”! Exigimos a imediata recontratação da Professora Mary Castro, professora valorosa, e o fim das perseguições de cunho teórico-ideológico nas universidades.
Nossa irrestrita solidariedade à brava Profª Mary Castro neste momento de perseguição e injustiça!
22 de fevereiro de 2017
União Brasileira de Mulheres

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UBM-Paraná participa da Plenária da Frente Brasil Popular-PR e defende unicidade dos movimentos na luta

terça-feira, fevereiro 21, 2017




 Atividade debateu estratégias para abrir diálogo com a sociedade  sobre a reforma da previdência

Coordenadoras e ativistas da UBM-Paraná participaram no último sábado(18) da I Plenária Estadual da Frente Brasil Popular - Paraná(FBP-PR). A atividade aconteceu na sede  do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná(Sintracon), em Curitiba, e reuniu diversas entidades ligadas aos movimentos sociais do Paraná. Os participantes organizaram  as pautas para 2017, as metas para a organização nacional da FBP nos estados e municípios, e as formas de atuação em relação à previdência e outros direitos que estão em risco sob o governo Temer.

Para a coordenadora estadual da UBM-Paraná, Maria Isabel Correa,  a participação nas atividades FBP é muito importante nesse momento, pois os projetos para a sociedade estão em disputa. “A nossa entidade faz parte da base da Frente e temos de nos unir com outros movimentos para disputar e defender o nosso projeto de sociedade, que é aquele voltado para a manutenção de direitos, defesa dos trabalhadores e trabalhadoras, políticas públicas que contribuam para a redução das desigualdades raciais, sociais e de gênero”, defendeu Isabel.  

Segundo a ativista Sara Cavalcanti, o encontro debateu a  conjuntura geral, as diferentes frentes de luta que estão ocorrendo e a organicidade da FBP nos estados e municípios. A representante da comissão nacional da FBP, Janeslei Albuquerque, iniciou a reunião com uma breve análise dos retrocessos políticos, econômicos e sociais. Segundo ela, nos anos de 1990 havia uma conjuntura de unidade na esquerda e  nos movimentos sociais que foi se perdendo nos últimos anos. “Janeslei argumentou que após a eleição de Lula, em 2002, houve um esfacelamento dessa unidade e disse que é uma desafio para a FBP retomar a junção da esquerda, pois houve uma mudança no comportamento das pessoas”. 

A representante da FBP defende a necessidade de maiores reflexões,para uma melhor compreensão de mudanças nas subjetividades,  pois estas dificultam a agenda de mobilização dos movimentos.  E lembrou que o neoliberalismo age não apenas no foco econômico, mas no aspecto mais sutil do ser humano, forjando um jeito de ser, no qual os comportamentos hostis e preconceituosos são naturalizados. 

Para Janeslei, as lutas travadas pelos movimentos sociais não atingem objetivo na atualidade, pois já não encontram mais eco entre o povo. Segundo Janeslei,  um dos caminhos  da retomada da unicidade se dará por meio da campanha da Central Única dos Trabalhadores(CUT). “O eixo central é o tema da previdência, cujo mote será trabalhar de modo a atingir a sensibilidade das pessoas. Janeslei ressaltou que hoje 15% da população idosa estão abaixo da linha pobreza. A juventude, não vai se aposentar isso precisa ser bem trabalhado para que haja mobilização”, resume a ativista. 

Geopolítica de interesses - Outro dado exposto  na reunião formativa da FBP foi em relação à geopolítica.  Janeslei informou que 65% do PIB da América Latina é controlado pelos EUA e que o número das transnacionais norte americanas que atuam no continente subiu de 40 para 60%  depois da crise. Janeslei também explicou que os conflitos relacionados à guerra religiosa são devido aos interesses por petróleo e água. “O que a representante da FBP nos aponta é que a principal ameaça nesse contexto está relacionada aos eixos da soberania alimentar, soberania energética e a soberania da comunicação. Ela registrou que o conhecimento atual é pouco valorizado e o supérfluo, evidenciado”, relatou Sara. 

Reforma da previdência e a questão de gênero -  Sara também resumiu a abordagem da advogada Popular da Marcha Mundial das Mulheres(MMM), Naiara Bittencourt, em relação à pauta da reforma da previdência, que  está em disputa, atinge diretamente os trabalhadores e acaba tendo um impacto bem maior na vida das mulheres. Naiara afirmou que a equiparação das idades entre homens e mulheres -  tanto da cidade como do campo -  para 65 anos é um equívoco, pois, caso a idade mínima para aposentadoria de ambos fosse reduzida para 60 anos não haveria problemas. "A advogada mostrou qu a contribuição - que passa para 25 anos somado com os 65 anos - também é outro aspecto negativo para as mulheres, pois a rotatividade nos empregos é bem maior entre as mulheres, uma vez que  são as que mais sofrem de assédio moral e sexual no mercado de trabalho", exemplificou Sara. 

A desvinculação do salário mínimo na pensão por morte também afeta as mulheres. Com a reforma a pensão passará a ser de apenas 50% do previsto somado a 10% se houver dependente.“No campo do gênero, Naiara apontou que com o trabalho doméstico e inseridas no mercado, as mulheres já trabalham 5 horas a mais que os homens e ocupam trabalhos mais informais e mais precários, além do desemprego (11%mulheres 7% homens). Uma das justificativas da reforma na previdência é justamente a questão da equiparação salarial no mercado trabalho. No entanto, estudos da Organização Internacional do Trabalho(OIT) afirmam que tal equiparação, demorará em média 75 anos para se concretizar”, destacou.

Sara também lembrou que em complemento  à fala da Naiara, Janeslei apresentou o dado de que 35% dos lares brasileiros são exclusivamente liderados por mulheres. Além disso, 14% dos lares no qual a mulher tem um parceiro, são elas as provedoras, portanto, 49% dos lares são chefiados por mulheres.
Unicidade na luta - A coordenadora de formação da UBM-Paraná, Elza Campos, recorreu a Marx, que dizia que a sociedade caminha entre o socialismo ou a barbárie, para enfatizar que os trabalhadores e trabalhadoras sempre lutaram  pela democracia, mas que hoje estão vivenciando a barbárie. “Precisamos retomar a luta em defesa da liberdade, de forma conjunta e unitária. Necessitamos nessa reunião, além das pautas já colocadas, construir uma unidade concreta.  O desmonte da seguridade, do trabalho, é uma forma de violência, que precisa ser combatida arduamente”, enfatizou Elza. 

8 de março em Curitiba -  A reforma da previdência é um dos principais temas de pauta do Dia Internacional das Mulheres, pauta que também foi debatida na reunião da FBP. Com o mote “Nenhuma Mulher a menos | Nenhum Direito a Menos”,  os movimentos feministas estão organizando o ato público que será realizado no dia 8. Os  grupos definiram que haverá concentração a partir das 17h na Praça Santos Andrade, onde acontecerá a discussão pública sobre violência e política de Gênero.  De lá as mulheres seguem em marcha, às 18h, pelas ruas da cidade, com paradas específicas em alguns pontos,  onde realizarão 7 atos temáticos: Reforma da Previdência e Trabalhista; Políticas Públicas para as Mulheres;  Mulheres Negras; Estado Laico e Direitos Sexuais e Reprodutivos; Mulheres LBTIs;  Educação e Violência contra as mulheres. O encerramento, na Boca Maldita, será com o show de uma banda composta por mulheres. 

Por fim, foram definidas as metas para a organização nacional da FBP nos estados e municípios, juntos aos seus movimentos de base, e elencadas as pautas para os movimentos ligados aos trabalhadores do campo, juventude e mulheres.   Também foi definido o mote “Se você não lutar, sua aposentadoria vai acabar” para abrir o diálogo  sobre a reforma da previdência com a sociedade.

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UBM de luto pelo falecimento de D. Marisa Letícia

sexta-feira, fevereiro 03, 2017

Foi com imenso pesar e indignação que a União Brasileira de Mulheres recebeu a notícia do falecimento de uma grande brasileira: Dona Marisa Letícia Lula da Silva.

O pesar nos toma quando lembramos a mulher de fibra, a trabalhadora e militante incansável que o Brasil perde, quando pensamos em seus quatro filhos, netos e o marido, que estarão privados de sua presença forte e amorosa. A indignação advém do fato de que, certamente, a campanha midiática difamatória e as perseguições judiciais — sem uma única prova sequer — a que vêm sendo submetidos seu marido, filhos e ela própria, foram decisivos para a deterioração de sua saúde, conduzindo-a ao falecimento com apenas 66 anos de idade. Por trás do AVC hemorrágico que a vitimou, estão as pressões da injustiça brutal e as arbitrariedades a que vinha sendo submetida, ela e sua família, o desgosto de ver seus filhos e marido indiciados criminalmente sem direito a defesa, o horror do fascismo despudorado.

Marisa Letícia pagou o preço mais alto pela onda fascista odiosa que se alastra pelo país: perdeu a vida, deixando filhos, netos e seu grande amor, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Foram companheiros de toda vida, dos difíceis anos 1970 até o Palácio da Alvorada, o maior presidente da história do Brasil sempre encontrou uma fortaleza com quem dividiu angústias e alegrias. Dona Marisa Letícia sempre foi mais que a esposa de Lula. Encarnava a fibra e a disposição de luta da mulher brasileira. Começou a trabalhar ainda criança, foi babá, operária, ficou viúva do primeiro marido, reconstruiu sua vida, casou-se de novo, criou quatro filhos.

Aguentou com a força de poucos a prisão arbitrária de Lula, liderou a passeata das mulheres nas greves do ABC no final dos anos 1970. Foi ela quem estampou a primeira bandeira do Partido dos Trabalhadores, ao qual também era filiada. Apoiava de todas as formas o marido, que, de líder sindical chegou a primeiro presidente da República de origem operária — e o que mais fez pelos direitos do povo e das mulheres. Sem dúvidas, sem a presença de Marisa Letícia, tal trajetória não seria possível. Durante 43 anos, ela foi o esteio do presidente Lula. Dos cuidados mais prosaicos como a limpeza da casa, das roupas e o cozinhar — tarefas tão importantes quanto invisíveis — às observações que dirigia ao marido, Dona Marisa era uma mulher discreta e reservada, mas de opinião forte e crítica, além de notável senso prático. Foi ela quem estampou mais de 20 mil camisetas da campanha de Lula para deputado federal em 1986.

Dona Marisa Letícia foi uma mulher como muitas, mas também foi uma mulher como poucas. Trabalhadora e determinada, altiva e discreta, era um exemplo de garra e perseverança diante das dificuldades. Infelizmente, os vilipêndios diários de si, seu marido e filhos foram demais para sua saúde. Neste momento de dolorosa despedida, a UBM se solidariza com o presidente Lula e toda a família. Despedimo-nos desta grande brasileira enviando nossos mais solidários pensamentos e nossa firme disposição para lutar contra a perseguição fascista ignominiosa ao grande companheiro e presidente Lula e sua família. Contem com a força da UBM.

São Paulo, 2 de fevereiro de 2017.

União Brasileira de Mulheres

Texto redigido pela UBM-Nacional
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Fui agredida por sair à noite, ser mulher e de esquerda

sábado, janeiro 07, 2017
Vivo escrevendo sobre as taxas de feminicídio, agressão contra mulheres e o clima de intolerância que assola o mundo, mas realmente não esperava usar esse espaço para falar de mim, na verdade, expor ao mundo o que aconteceu comigo é uma forma de denunciar e reafirmar que o nível de intolerância está beirando a barbárie. 

Lais e a amiga, pouco antes da agressão que a vitimouLais e a amiga, pouco antes da agressão que a vitimou Estava com uma amiga no bar, isso mesmo, duas mulheres sozinhas em um bar numa quinta-feira à noite. Pode isso? Até na noite de ontem pensava que sim. Estava tudo divino maravilhoso quando fomos abordadas por um senhor  (foto abaixo) com cara de bonachão, alto, que questionou se éramos socialistas. Olhei com uma cara de “oi??” e continuei as conversas com minha amiga. 

Papo vai, vem, disse para minha amiga que estava indo hoje à tarde para Guaratuba, região litorânea de São Paulo, quando o mesmo senhor que tinha questionado minha proximidade com o marxismo esbravejou: “Eu ouvi vai pra Cuba!?????”

Não aguentei. Fiquei revoltada com aquela situação. Questionei: “Moço, do que você está falando, o senhor está louco?” Era o prato cheio para ele. O brutamontes já levantou e começou o seu circo, aproximando-se de mim e me ameaçando com seu tamanho. Eu, com meu 1,57 levantei meus pés e continuei dizendo que ele não tinha o direito de ser tão inconveniente. Ele me deu um safanão no braço. 

Naquela situação insustentável, minha arma foi o celular. Peguei e comecei a gravar, “bate agora que eu estou gravando, o mundo vai ver sua cara seu covarde!”, disse. 


Ele então lançou um soco no meu braço e arremessou meu celular no lixo. Com toda a dor que eu senti no momento, reuni forças e enfiei minha mão no meio de restos de comida para pegar o celular. Após o ocorrido, pessoas próximas chegaram para nos defender. Um outro amigo dele gritava como em um surto psicótico “morre na Venezuela”. Os garçons orientaram que nós fossemos para dentro do estabelecimento. Acho que se não fosse isso poderia ter sido pior. 

Entrei em pânico, minha respiração ficou ofegante. Eu só queria chegar em casa e me sentir segura. No meio do caminho fiz um post com a foto do agressor. 

Passado o horror, queria agradecer toda a corrente de solidariedade que se formou ao meu redor, principalmente a União Brasileira de Mulheres, que se colocou à disposição para me dar todo o amparo necessário. Isso é muito bonito e valoroso, gratidão! 

Hoje eu sigo para delegacia, vou fazer um boletim de ocorrência. Faço isso porque eu não aguento mais viver numa sociedade que expõe a mulher como lixo dessa forma. Faço isso porque eu perdi uma colega estuprada até a morte nos últimos dias e também porque eu tenho direito de ser o que que eu quiser, inclusive socialista. 

Basta! 


Solidaridade

Em nome de toda a equipe do Portal Vermelho manifesto inteira solidariedade à nossa companheira Lais Gouveia, uma jovem jornalista que tem registrado diariamente em suas matérias a luta do nosso povo na defesa de seus direitos, da democracia e do Brasil. Lais, como relatou acima, já cobriu muitos casos de agressão à mulheres e a luta contra essa violência desprezível, fruto do machismo e da intolerância que ainda permeiam a sociedade brasileira. Lamentamos que ela agora seja vítima dessa truculência e oferecemos todo apoio para denunciar e buscar a punição do agressor.

Inácio Carvalho
Editor chefe 


 *Por Laís Gouveia -  jornalista e editora de movimento sociais do Portal Vermelho.

Fonte:www.vermelho.org.br
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Prefeitura de Curitiba exclui Secretaria Municipal da Mulher

quinta-feira, janeiro 05, 2017



Organizadas, UBM-PR e  feministas farão ato público no próximo sábado (7) em protesto à extinção da secretaria e à chacina de Campinas 

No último dia 21 de dezembro, o prefeito de Curitiba,  Rafael Greca, anunciou oficialmente  a equipe de secretários e diretores dos órgãos municipais. Greca decidiu fundir algumas secretarias, reduzindo-as de vinte - da gestão anterior - para doze. A reorganização do secretariado extinguiu a Secretaria Municipal Extraordinária da Mulher(SMEM). Mas, nesta quinta-feira(05), mulheres ligadas a movimentos feministas se surpreenderam com a imagem de  Luiz Fernando de Souza Jamur como secretário responsável pela pasta. No início da tarde, após repercussão do fato nas mídias sociais, a foto de Jamur foi retirada, mas a situação gerou entre as feministas o debate sobre o destino da secretaria das mulheres. 

Para a coordenadora geral da União Brasileira de Mulheres - Seção Paraná(UBM-PR), Maria Isabel Corrêa,  o erro de comunicação da prefeitura serviu para demonstrar a importância de um espaço de representação feminina dentro do secretariado municipal, pois aquele era  um local onde eram pensadas as políticas destinadas às mulheres curitibanas. “A UBM e todos os movimentos feministas lutam há anos para a implantação de políticas públicas que garantam a segurança e a proteção de mulheres e meninas em todas as situações de abuso e agressões, seja em nível individual e particular ou no nível público e da vida coletiva. Nessa luta, em todas as conferências de direitos da mulher, sempre houve um pedido recorrente: a criação de secretarias da mulher no âmbito estadual e municipal”, defende Maria Isabel.

Isabel  explica, ainda, que a secretaria das mulheres foi conquistada pelas mulheres organizadas a partir de movimentos feministas e de mulheres, sociais, sindicais,  entre outros. E argumenta  que a expectativa desses grupos é serem representados por alguém ja familiarizado com as demandas. “Vivemos um momento histórico de especial agravamento da intolerância social, do machismo que mata e destrói, da misoginia, do ódio e da vingança brutal e cruel. Há também a ampliação da ideia de superioridade do homem sobre a mulher, especialmente no Paraná, no momento em que Câmaras municipais e a própria Assembleia Legislativa se fecham ao diálogo sobre gênero. Nesse sentido,  a Prefeitura de Curitiba vem referendar essa prática, ignorando a secretaria da mulher, espaço conquistado com árdua luta como forma de amenizar a cruel desigualdade das mulheres frente a uma sociedade machista.  É urgente que o poder público  concentre esforços nessa luta por igualdade; é inadmissível que sejamos tratadas de forma grotesca e ignoradas”, protesta. 

Chega de impunidade!  - A extinção da  Secretaria das Mulheres acontece em um momento de comoção nacional. Os crimes ocorridos contra Débora Soriano e Isamara Filier, assassinadas em dezembro revelam a necessidade de educar a população contra o sexismo, o machismo e a misoginia. No próximo sábado(7), às 11h da manhã, na Boca Maldita, movimentos sociais, feministas e de juventude realizam o ato público "Nem uma a Menos" para denunciar o feminicídio. A atividade, inicialmente convocada pela Marcha das Vadias e CWB contra Temer, teve a adesão de vários movimentos feministas de Curitiba.

O objetivo do ato é chamar a atenção contra a impunidade em relação à violência contra a mulher, uma vez que ainda são encontradas falhas nos mecanismos legais que amparam as vítimas, como denuncia Maria Isabel. “Medidas judiciais de proteção não são suficientes numa sociedade em que governos golpistas promovem o desmonte do Estado, principalmente no que diz respeito  a políticas públicas sociais. Temos uma lei contra o  feminicídio, que é um crime hediondo, bárbaro e de ódio contra as mulheres, não podemos deixar que assassinatos de mulheres fiquem impunes”, protesta a coordenadora da UBM-PR.

O ato vai rememorar, entre outros, os recentes assassinatos de duas mulheres ocorridos no último mês de dezembro. A primeira envolve a chacina  promovida por Sidnei Ramos de Araujo, na última noite de 2016, em Campinas,  que vitimou Isamara, seu filho de 8 anos e outras 10 pessoas. A outra vítima do machismo é Débora Soriano de Melo,  jovem de apenas 23 anos e militante da União da Juventude Socialista - São Paulo (UJS-SP) e UBM-SP, que foi estuprada e assassinada com golpes de taco de beisebol  por Willy Gorayeb Liger dias antes das comemorações natalinas.
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O machismo e o ódio marcam a virada do ano de 2017

quarta-feira, janeiro 04, 2017



Na última noite de 2016, em Campinas, São Paulo, ex-esposa, filho e outras 10 pessoas foram vítimas da chacina promovida por Sidnei Ramos de Araujo. Isamara Filier, a ex-esposa do  já havia realizado cinco queixas contra o seu assassino na delegacia da polícia civil. Em 2012, registrou boletim por ameaça de morte.

Antes de cometer o crime, Sidnei escreveu uma carta de oito páginas "justificando" os motivos pelos quais cometeria o crime na virada do ano. Partes da carta, diziam “Os homens não batem na mulher sem motivo! Alguma coisa elas fazem pra irritar o agressor. O cara não vai lá dar porrada à toa!”, “Vadias que tem filhos com dois caras para ter duas pensões e não precisar trabalhar! [...] A justiça deveria usar polígrafos em todos os depoimentos, reduziria trabalho! O Diabo também usa saia”.

Dois adolescentes escondidos no banheiro relataram que o filho do atirador, de 8 anos, disse: “Você matou a mamãe”. Em seguida, ouviram os disparos que mataram Victor. Muitos e muitas pessoas idolatraram Araujo por ter matado a ex-esposa. Comentários de apoio a ação e degradação de Isimara foram destaque. Alguns se compadeceram com a criança. 

Não precisamos ir longe para recordar casos de violência contra mulher que foram notícias em todo o país no ano que se despediu. Também em  dezembro, Willy Gorayeb Liger, estuprou e matou com golpes de taco de beisebol Débora Soriano de Melo,  uma jovem de apenas 23 anos que era militante da União da Juventude Socialista - São Paulo (UJS-SP). No Rio de Janeiro uma menor de idade foi vítima de estupro coletivo, filmada e exposta na internet. 

O feminicídio ceifa nossas vidas diariamente, de todas as formas. Viemos por meio desta nota manifestar nossa indignação a naturalização da violência contra nossas vidas e prestar solidariedade a família e amigos dos mortos. Seguimos em luta contra toda forma de opressão, até que todas sejamos livres!


ASSINAM ESSA NOTA: 

União da Juventude Socialista do Paraná
União Brasileira de Mulheres PR.
Ong Todas Marias
As Benditas -  Coletivo Independente
UBM - Cascavel 
Coletivo Pagu
MAB
AHHEMP 
Promotoras Legais Populares de Curitiba
Coletivo de Jornalistas Feministas Nísia Floresta -  Curitiba
Coletivo de Mulheres da CUT - PR
Coletivo Estudantil Para Todas 
Rede de Mulheres Negras-PR
Fórum Popular de Mulheres
Marcha Mundial de Mulheres - Pr
Vereadora de Curitiba-  Maria Letícia Fagundes 
Mães Pela Diversidade - Pr
Frente de Resistência Democrática 
Rede Femimista da Saúde-  Pr
Vereadora de Toledo - Marli Gonçalves
MAIS Curitiba 
Coletivo Alzira
Coletivo do Mandato da Vereadora Prof Josete Curitiba 
Marcha das Vadias - Curitiba 
UPES 
UPE
Conselho de Direitos Humanos - Cascavel
CEDEA
RUA - Juventude anticapitalista Curitiba
Secretaria de Mulheres da Executiva Municipal da Juventude Socialista do PDT
Coletivo Daysi
PCdoB Curitiba
Coletivo Black Divas 
Grupo Mulheres Negras de Londrina
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Em mensagem de fim de ano, UBM-PR denuncia o golpe contra a democracia e reafirma luta contra estado de exceção

sexta-feira, dezembro 30, 2016



Nós, da União Brasileira de Mulheres - Seção Paraná (UBM-PR), desejamos um 2017 com a renovação das esperanças que nos mantem firmes na luta pela construção de um mundo melhor para todos e todas. Convivemos desde 2015 com o fantasma conspirativo do golpe e jamais esqueceremos 2016, ano em que foram perpetrados diversos golpes no nosso país.

Houve golpe na nossa jovem democracia; a maioria dos parlamentares do Congresso Nacional rasgou a Constituição Federal, destituindo uma presidenta legitimamente eleita. Foi um golpe parlamentar dado por um Congresso machista e misógino, sustentado por argumentos que pouco depois do ato consumado deixaram de ser considerados crimes. A forma covarde e rasteira pela qual foi tomado o poder de Dilma Rousseff deixa impresso na nossa história mais de meio século de retrocessos, em especial com a precarização do trabalho, que atingirá duramente as mulheres. 

A crise econômica e política desencadeadas pelo governo ilegítimo e golpista de Michel Temer e pela rede globo atingem brutalmente as mulheres, sobretudo pelo cancelamento de políticas sociais compensatórias para famílias em vulnerabilidade social, conquistadas com grandes lutas nas últimas décadas. Teve golpe contra a saúde, a educação, a previdência social e as políticas sociais por meio do congelamento de gastos públicos por vinte anos, o qual foi concretizado após a tramitação e aprovação da PEC 55 pela Câmara e Senado Federal. Um golpe que atingirá todos os brasileiros e brasileiras.  

O grande agravante é que tudo isso serve apenas como pano de fundo encoberto por essas cortinas de fumaça para a entrega de nossos recursos naturais à sanha do capital estrangeiro. Esses mesmos recursos que deveriam alavancar a conquista de uma sociedade justa e igualitária, reparando séculos de exploração de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros.

Também é sempre bom ressaltarmos que o golpe foi contra os direitos humanos,  com as exclusões de ministérios e secretarias conquistados por meio da luta dos movimentos sociais e que promoviam avanços na nossa sociedade. A Secretaria de Política para as Mulheres (SPM) foi desativada em um momento em que a violência contra mulheres e meninas só faz aumentar nesse ambiente de ódio e intolerância que se multiplica exponencialmente na sociedade brasileira. Nesse sentido, é fundamental garantir uma política nacional  de concretização de direitos humanos para todos os indivíduos e, em especial, para aqueles que fazem parte das "minorias maiorizadas", pois não podemos esquecer que os grupos como LBGT's e de negras e negros são atingidos de forma mais cruel.

Este grupos, assim como as mulheres não estão representados nas instâncias de poder. Observamos isso no resultado das eleições municipais de 2016, que apontou uma representatividade feminina pífia, mostrando uma reclusão de 25% de mulheres eleitas prefeitas, que passaram de 39 no pleito de 2012 para 29 em 2016. O Estado do Paraná, por exemplo, figura como o quarto estado em sub-representação feminina na política. Apenas 7,2% de mulheres foram eleitas prefeitas e grandes cidades como Cascavel e Maringá não elegeram nenhuma vereadora. Além disso, nós, mulheres paranaenses, também não estamos representadas pelo governador do estado, o qual ataca covardemente trabalhadoras e trabalhadores, solapando direitos, deixando de cumprir acordos e reprimindo os movimentos sociais com covarde violência.

O panorama é tenebroso mas, por outro lado, vimos uma juventude se levantar e gritar por justiça e por direitos. Diante de uma medida provisória descabida, insuficiente e que não promove melhorias no ensino público e gratuito, estudantes secundaristas ficaram em luta permanente, ocupando escolas em todo o país.  

Por fim, podemos dizer que o ano de 2016 foi de muita luta para as filiadas, militantes e ativistas da UBM-PR. Participamos ativamente de todas as mobilizações contra o golpe em Brasília, no nosso estado e em Curitiba e demais cidades do Paraná e continuamos mobilizadas em atos políticos no pós-golpe. Não daremos trégua a esse governo provisório. Por isso, realizamos o nosso encontro estadual em novembro de 2016, apontando as nossas ações futuras. Também assumimos durante o evento o compromisso de reestruturar nossas bases - núcleos regionais no Estado - até maio de 2017, quando teremos um novo encontro estadual. 

Junto a todos os movimentos feministas do Paraná assumimos o compromisso de ampla luta pelo resgate dos direitos espoliados da nossa sociedade, bem como de continuar na luta pelos direitos das mulheres, num Estado que detém índices vergonhosos de feminicídios, de pedofilia e de tantas outras violências naturalizadas nesta sociedade patriarcal e machista.                        

Reafirmamos nossa luta contra um Estado de exceção que todos os dias restringe direitos conquistados, reacendendo para 2017 a chama pela luta de um mundo de igualdade, contra toda opressão!

À luta!

Maria Isabel Correa, coordenadora estadual da UBM-PR.                    

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Movimentos Sociais fazem vigília nesta segunda(19) em protesto ao assassinato de Débora Soriano

domingo, dezembro 18, 2016

O ato acontece às 18h, na Praça Santos Andrade, em Curitiba 




Nenhuma Débora a menos! Essa é a chamada para a vigília organizada pela União da Juventude Socialista(UJS), União Brasileira de Mulheres - Seção Paraná, (UBM-PR), movimentos sociais e feministas que acontece nesta segunda-feira(19), às 18h, na Praça Santos Andrade, em Curitiba, em protesto ao assassinato de Débora Soriano(23 anos), militante da UJS e da UBM-SP, a qual entra para os lamentáveis e desumanos dados estatísticos relacionados às vítimas do machismo.


Feministas do Paraná: solidariedade e organização do ato  - Reunidas na sede do Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba(Sismuc) na última sexta-feira(16) , com o objetivo de planejar as ações e estratégias de luta para 2017, mulheres ligadas a diferentes movimentos sociais e feministas se solidarizaram  com a família da jovem assassinada. Na oportunidade, assim como demais representantes de diversas organizações e movimentos sociais de todo o Brasil, assinaram a Carta redigida pela UJS e UBM, cujo conteúdo -  adaptado com o ato de Curitiba -  é publicizado abaixo. 

Do luto a luta! 
Nenhuma Débora a menos!

Foi com imenso pesar e indignação que recebemos a notícia da morte da jovem Débora Soriano. O machismo ceifou a vida de mais uma de nós, diante de um poder público que pouco ou nada faz para combater a violência patriarcal. Débora era uma jovem mulher de 23 anos, com a vida toda pela frente, cheia de sonhos e expectativas, mas que foi brutalmente violentada e assassinada. 

Débora acreditava em uma sociedade melhor e mais justa, irradiava alegria de viver e esperança em um mundo novo, para ela e seus dois filhos pequenos.

Nos solidarizamos com a família neste momento de dor e despedida e exigimos dos órgãos responsáveis que este crime bárbaro seja esclarecido e o autor, rigorosamente punido. Não admitimos que os crimes contra as mulheres continuem sendo secundarizados e esquecidos pelas autoridades. Nós não esqueceremos!

A morte trágica de Débora reforça a necessidade de políticas públicas para as mulheres, para que não precisemos mais nos despedir de nenhuma de nós desta maneira.

Por isso, convocamos a todas as mulheres a se somarem a nós nesta segunda-feira, dia 19 de dezembro, às 18h na Praça Santos Andrade, para uma vigília;  tragam velas, flores, bandeiras e amor para compartilhar entre nós. É por Débora e por todas as mulheres que morrem vítimas do machismo e do feminicídio.

Assinam a Carta 

UBM - União Brasileira de Mulheres
UJS - União da Juventude Socialista

ACMUN
AGO LONA
Amesol - Associação de Mulheres da economia Solidária e Feminista
AMOAB - PR
ANPG - Associação Nacional de Pós Graduandos 
Anzol - Associação de Mulheres da Zona Leste 
APP - PR
APSMNSP
Articulação de Ongs de Mulheres Negras Brasileiras 
Asociação de Mulheres Mãe Venina do Quilombo de Curiaú - Macapá
AYABAS- PI
Bamidelê - OMN/PB
CEERT
Coalas Feministas
Coletiva FemiSistahs
Coletiva Luana Barbosa 
Coletivo Estadual de Jovens Feministas da UJS/SP 
Coletivo Estadual de Negros e Negras da UJS/SP - Leci Brandão
Coletivo LGBT Manas - PUC/ Campinas 
Coletivo Oya - Mulheres Negras de SP
Comissão de Formatura do Curso de Enfermagem Unifesp - Turma 77
CONEN - Coordenação Nacional de Entidades Negras
Corija
Criola 
CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
Cursinho Afro Zona Oeste 
CUT - Central Única dos Trabalhadores
Deputada Jandira Feghali
Deputada Leci Brandão - PCdoB
Deputada Manul D´avila - PCdoB 
Deputado Orlando Silva - PCdoB
Deputado Vicente Cândido - PT
Enegrecer
FACESP
Frente Estadual LGBT do PCdoB
GAAP - Grupo de Articulação Políticas Pretas
Geledés - Instituto da Mulher Negra 
Grupo Cidadania Gay
Grupo de Teatro Levante Mulher 
Grupo Diversidade Niterói 
Grupo Transdiversidade Niterói 
Ilu Obá de Min
IMENA
Instituto AMMA Psique e Negritude
Instituto Patricia Galvão 
Inune MT
IROHIN
JUNTAS 
JUNTOS
Kilombo
Kizomba 
Kizomba - PR
MAIS
Malunga 
MDM - Movimento de Moradia de São Paulo
MMM - Marcha Mundial de Mulheres 
MMM- PR
MMM- RS
Movimento de Mulheres Olga Benário
Movimento de Mulheres UNAS Heliópolis e Região
Mulheres APNS
Mutirão 
NEPEM UFMG
Nucleo de Consciência Negra Teresa de Benguela - PUC/ Campinas 
Odara 
ParaTodas
Pretas Candangas
Projeto Geraações 
Projeto Gerações 
Reafro
Rede de Mulheres Negras - PR
Redessan
REF- Rede Economia e Feminismo
RUA - Juventude Anticapitalista 
Samba Negras em Marcha
Sececretaria de Mulheres do PT - RS
Secretaria Nacional de Mulheres do PCdoB
Senadora Gleise Hoffmam
Setorial de Mulheres Estadual do Psol-SP
Setorial de Mulheres Insurgência - Psol
Setorial LGBT - Psol
SISMUC - PR
SOF - SempreViva Organização Feminista 
UBM - PR
UJR 
UNA LGBT
UNE - União Nacional dos Estudantes 
Uneafro Brasil
UNEGRO - União de Negros pela Igualdade MAIS - Movimento por uma Alternativa Independente Socialista
UPE - União Paranaense dos Estudantes
Vereador Jamil Murad - PCdoB
Vereadora Juliana Cardoso - PT

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